Se não contei aqui ainda, conto agora que Bibi foi minha avó materna, Dona Severina, que quando veio de Pernambuco para morar em São Paulo, com meu avô Eduardo e uma porção de filhos (incluindo Elba, minha preciosa mãe), habitou aquele chão que viemos a conhecer por Casa de Bibi.
Na configuração atual, este terreno onde Dona Bibi e Seo Eduardo criaram os filhos, tem 2 casas: uma delas é habitada pelo meu tio "Pia" e a outra era habitada por minha tia Elma, que veio a falecer em maio de 2021.
Com o falecimento da minha tia, meu tio se queixava - com legitimidade - de ter ficado muito só. Ele relatava muita insegurança em alugar a casa para pessoas estranhas. Assim, juntando a necessidade de meu tio por companhia e meu desejo por um espaço físico para tecer meu fazer presencialmente, nós decidimos que eu passaria a ocupar a casa dos fundos com meu trabalho e assim fundei a "Casa de Bibi".
No entanto, com o passar do tempo meu tio continuava se queixando muito de solidão e eu não pude ter outra atitude que não a de incentivá-lo a alugar aquela casa para moradia. Assim foi: ele encontrou uma pessoa interessante para alugar ali e a Casa de Bibi, meu espaço terapêutico que perdurou por breves 6 meses, não existe mais.
Das lições aprendidas:
É extremamente difícil e bastante importante conviver de perto com alguém mais velho da sua linhagem: a convivência mais próxima com meu tio me mostrou sombras no comportamento dele que escancararam que - na verdade - muitos desses comportamentos estão na minha ancestralidade e, consequentemente, em mim mesma. Ver de perto esses padrões, relembrar histórias da minha mãe, das minhas tias e reconhecer reflexos disso tudo em mim mesma foi doloroso, mas muito curativo. É só à luz da consciência e no desejo da fazer diferente que podemos romper com ciclos de erros ancestrais.
Não podemos salvar o mundo! Não podemos assumir a responsabilidade pelo bem-estar do outro em tudo!: muito da minha escolha de ter montado meu espaço ali foi para fazer companhia para o meu tio. Resolveu? Não. Meu negócio fluiu ali? Tampouco. Não pensei estrategicamente; agi no impulso e no coração, agi no papel da salvadora, tantas vezes imposto às mulheres e geracionalmente assumido por nós.
Por falar em estratégia...: é preciso estratégia para montar e gerir um espaço. Tratava-se de um espaço para alocar fisicamente a minha EMPRESA, logo, eu precisaria ter considerado pontos importantíssimos como prazo de ocupação do lugar (para minimamente fazer valer o investimento feito), rentabilidade do processo, fundo de caixa para emergência (como alguém pedindo "sutilmente" o imóvel, por exemplo) etc.
Reconhecer o arrependimento e os seus porquês é importante: Me arrependi de ter fundado a Casa de Bibi? Pra caramba! Óbvio que teve coisa boa, que foi importante, mas por todos esses pontos que coloquei, porque investi tempo, dinheiro, divulgação e expectativas num lugar que não era propício para isso, me arrependi, SIM! Para quem pensa em me dizer que não é bem assim, que tinha que ser e etc., deixo minha gratidão e meu ponto de vista: pontuar onde erramos com clareza numa decisão nada acertada é essencial para fazer melhor da próxima vez.
A intuição é mestra: falar agora, que lá se foi a Casa de Bibi parece até mentira, mas minha intuição desde sempre apontava para o fato de que eu estava me precipitando, de que eu não deveria assumir esta responsabilidade, de que aquele não seria o meu lugar.
Contudo, o que foi válido nessa história...
Por difícil que tenha sido me deparar com as sombras ancestrais que mencionei, foi curativo sobretudo para mim. Toda essa clareza ainda está reverberando e fazendo mudanças bem bonitas por aqui. Estou segura de que este contato ainda mais próximo com tio Pia (sempre fomos e seguimos sendo muito parceiros) também suscitou reflexões importantes para a vida dele.
Aquele chão precisava de cura! Longe de ter um discurso gratiluz - que não é mesmo a minha cara - reconheço que todo o trabalho com o Sagrado Feminino que ocorreu ali serviu para sarar feridas daquela casa no campo vibracional. Sou grata a cada mulher que vibrou ali dentro comigo, dando e recebendo, fluindo CURA.
Cada ritual, encontro, atendimento ali vivido foi muito, muito bacana. E isso foi bom demais!
Como as coisas ficam a partir de agora
Os atendimentos presenciais passam a acontecer no meu estúdio de música, o Gelatina Trêmula, que fica a 300 metros da estação Penha do Metrô (facilitou, ein?).
Os rituais, oficinas e vivências presenciais estão suspensos por enquanto.
Todos os produtos acabados e matérias primas já encontraram lugar na minha própria casa, lugar físico de meu caldeirão alquímico mor. Assim, o feitio dos produtos fitoenergéticos está a todo vapor e, confesso, está muito gostoso ter tudo por perto o tempo todo outra vez.
Sigo com o coração grato pelo que foi, consciente pelo que não deveria ter sido e esperançoso pelo que virá.
Sigo como de costume - não sem alguns momentos de desespero aqui e ali como qualquer mortal - no riso e no rezo.
Com lucidez e afeto,
Aline Paranhos
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