Escolhido pela ONU em 2014, o dia 19 de novembro tornou-se o dia Mundial do Empreendedorismo Feminino.
Quero aproveitar essa data para contar um pouco para vocês sobre como é, sob a minha visão, ser empreendedora. Vim falar sobre a beleza e os desafios de ser doula para mim.
Eu sou Secretária Executiva de formação e trabalhei na área por mais de 15 anos.
Apesar de nunca ter tido o estereótipo da secretária tradicional (eu tinha muita dificuldade em me adaptar a roupa social, salto alto, cabelo alinhado), posso dizer que em vários momentos fui bastante realizada na profissão: participei de cases bacanas, ganhei bem, geri equipes (e sei que fui uma líder motivadora).
No entanto, eu sempre quis fazer um trabalho que de fato tivesse relevância na vida das pessoas. E havia também os outros fatores, comuns a quase que a totalidade das mães que querem empreender: queria mais tempo com as minhas filhas, mais autonomia sobre a minha rotina, menos tempo perdido no trânsito etc. Quando descobri o universo da humanização, eu vi na doulagem um caminho para isso.
Somando todos esses fatores à minha vontade de empreender, veio ainda minha demissão logo após o retorno da licença maternidade da Mirela, minha segunda filha. Decidi embarcar na vida de doula de cabeça.
Quanta beleza! Como é incrível presenciar uma mulher sair de um encontro mais empoderada, sorrir na minha frente quando derruba antigas crenças e começa a voltar a acreditar em saberes femininos ancestrais. Que lindo ser parte importante na jornada de uma mulher até seu parto. Como me orgulho de pertencer a uma egrégora de profissionais que batalham para que mulheres tenham partos respeitosos e para que bebês cheguem ao mundo da melhor forma possível! Quanto a ver um bebê nascer, Deeeeus do céu, essa sensação é indescritível. Mesmo. Sigo chorando a cada nascimento que assisto.
Mas tem um lado do qual pouco se fala, que é o lado árduo dessa profissão linda: ser doula é, na maioria das vezes, não ter estabilidade financeira, não ter direitos trabalhistas, não ter hora para voltar para casa, não ter noites tranquilas de sono sempre que tem alguma cliente dando sinais de que pode entrar em trabalho de parto, trabalhar muitas horas seguidas, não ter fim de semana nem festas de família garantidas. Isso sem falar na barganha por preço do nosso serviço. Fácil não é...
Dia desses uma colega (também doula, mas que tem uma profissão principal estável) me julgou dizendo que eu não deveria ter largado minha carreira para ser doula, sabendo do quanto era difícil e tendo duas filhas para criar. Ou seja, chegou aqui para mim a máxima: “esperam que eu trabalhe como se não tivesse filhas e seja mãe como se não precisasse trabalhar”.
Bom, primeiro que não foi exatamente uma escolha. Confessei aqui que fui demitida após a licença maternidade e, por mais que eu tivesse desenhado isso, foi um choque. Depois, as circunstâncias me levaram a continuar e fui me envolvendo e me descobrindo doula e empreendedora mais e mais (quanto às minhas filhas, elas seguem tendo minha presença a maior parte do tempo e suas necessidades são muito bem supridas, obrigada : - ). Eu tive a vontade, recebi o empurrão e me agarrei no sonho! Não me esquivei. Fui!
E apesar de todo o descrito, pondo tudo na balança, me arrependo? Não. Encontrei meu tal “trabalho com propósito”. Encontrei uma causa justa pela qual lutar. Os desafios são muitos, mas meu propósito é grande.
Sigamos!
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